segunda-feira, 12 de abril de 2010

Palavras

Nada fácil começar, trazer ao papel aquilo que pulsa no coração, pensamentos soltos, idéias vagantes, palavras vazias, emoções confusas, decepções, tudo num recipiente tão frágil, tão pequeno, todo esse balaio humano misturado, sem formas, definições ou explicações, toda essa massa misturando-se e tornando-me humana, um ser que sente, pois afinal, o pulso ainda pulsa.
Este "sentir" é bom, pois nada é pior que o vazio, que o gelo, que o oco, isso sim, é muito mais maléfico.
Mas conseguir controlar, encaixar e arrumar toda essa chuva de emoções não é nada simples, haja dor, haja riso, haja sol, haja chuva, e assim vou vivendo, aprendendo, tentando organizar as coisas por aqui.
Às vezes penso, será que se houvessem regras capazes de restringir o que sentimos seria mais fácil? menos doloroso?
Uma espécie de matemática emocional, regras e fórmulas, tudo em seu lugar. Ou talvez, outra solução seria usarmos melhor pesos e medidas e, acredito que esta segunda opção seja a mais sensata, não amar menos e não amar mais, porém, sendo isto impossível, prefiro extrapolar na sobra de amor e não em sua ausência.
Carlos Drummond de Andrade, disse: " A cada dia que vivo mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que esquivando-nos do sofrimento perdemos também a felicidade."
Palavras sábias e belas, porém, as ler com um coração cansado de ser quebrado, usado, ferido, gera-nos desconforto e preferimos o contrário, isenção de dor, de risco, desta vulnerabilidade que nos deixa a quem de outro alguém.

Escrevo isto com propriedade, e com o medo a porta, será sempre assim? Alguma vez a história será diferente? Será que tudo que foi feito não foi o suficiente? Será que a verdade, a consideração, a preocupação, a lealdade são exigências exacerbadas?
Perguntas sem respostas, ou será a resposta que, amor, amizade e afeto, não se limitam aquilo que recebemos, mas aquilo que doamos? Aquilo que entregamos de nós e que não recebemos igualmente em troca? Pois na verdade, entrega não é troca, não requer devolutiva.


"É de mágica
Que eu dobro a vida em flor
Assim!
E ao senhor de iludir
Manda avisar, que esse daqui
Tem muito mais amor pra Dar."

É de lágrima - Los Hermanos