domingo, 16 de maio de 2010


Os últimos finais de semana foram repletos de filmes, Alice no País das Maravilhas, O Segredo de Seus Olhos, Mary and Max, Doce de Coco, O Sorriso de Monalisa, A Cor Púrpura, O Contador de Histórias, Crash, e pela quarta vez, O Fabuloso Destino de Amélie Poulain(um dos meus prediletos), alguns novos e outros nem tanto, alguns bons, outros não, passando por todos, fui de lágrimas a sorrisos, e de sorrisos as lágrimas.
Não quero aqui, de maneira pretenciosa, analisar filmes criticamente, nem o poderia, falta-me o conhecimento para isto, quero apenas escrever sobre filmes que tem o poder de me fazer pensar, sentir, aprender, viver coisas novas e diferentes.
Minha aventura começou na sexta, ao assistir com uma amiga o filme brasileiro, Doce de Coco, em determinados momentos, nos sentimos envergonhadas pela escolha, porém, rimos a beça, a começar por uma senhora dormindo e roncando ao nosso lado, não bastando, após o fim do filme, comentei com o casal sentado a nossa frente sobre a péssima qualidade do filme, e descobrimos depois que este casal fazia parte dos convidados do diretor, que estava na sala, fica aí uma lição, nada de comentários com pessoas desconhecidas em salas de cinemas, por pior que seja o filme.
Depois de recuperar-me de "Doce de Coco", assisti pela 4ª vez Amélie Poulain, se algum filme tem o poder de despertar minha depressão pós-filmes, é este, gostaria que fosse a minha história, ou pelo menos o meu final feliz, pois em vários momentos identifico-me com a Amélie e encontro no filme partículas do meu Universo.
As vezes fico pensando, nos filmes, tudo é mais bonito, mais charmoso, e se eu pudesse, me teletransportaria para alguns, teria uma amizade linda como a de Mary & Max, a audácia e coragem da professora interpretada pela Julia Roberts em O Sorriso de Monalisa, a intensidade de Celie em A Cor Púrpura, a imaginação de Roberto em O Contador de Histórias, os cafés charmosos de Paris com Amélie, sua criatividade, e claro, um lindo Nino Quincampoix...rsrs.
Encontro em muitos filmes, as viagens que não faço, os amores que não vivo, a alegria que não sinto, a dor que nunca vivi, e em outros, tudo aquilo que está bem aqui, tudo aquilo que faz parte de mim, do meu mundo, da minha trilha sonora.
Já pensei algumas vezes, será que estou no, Show de Truman? Estamos todos nós num grande palco? podemos escolher cenários, trajetórias, personagens, ou a cadeira de diretor já está ocupada? Será Deus o Grande Diretor de nossas histórias?
Não sei se minha vida nas telonas seria interessante e legal de ser vista, mas sei que a cada novo dia, a minha história vem sendo construida, altos e baixos, momentos alegres e tristes, personagens que eu não abriria mão, outros que não faria tanta questão, mas sei que não sou boa na direção, por isso, vez por outra, peço que aquele que realmente entende de filmes e verdadeiras histórias lindas, sente-se na cadeira, e dirija da melhor maneira, assim, até posso ver de longe, um final mais feliz, mesmo que seja no mundo real.


"[Deus] aparentemente se deleita a usar árvores, flores, rios, automóveis, amigos, inimigos, os prédios das igrejas, os quadros, a fim de anunciar sua presença ou realizar seus propósitos [...]. Há algo de grosseiro na descrição de Deus intervindo diretamente na situação, o desajeitado deus ex machina* interrompendo as falas dos outros atores e perturbando o palco. Quão mais maravilhoso é o Deus que dá dicas e se esconde, persuadindo de maneira dissimulada através e em torno dos atores, ainda que sem o conhecimento destes. É o Deus humilde que escolhe agir assim."
Robert Barron


* Na Antiguidade greco-latina, recurso dramatúrgico que consistia originalmente na descida em cena de um deus cuja missão era dar solução arbitrária a um impasse vivido pelos personagens.